Como era a vida dos povos
indígenas ?
por
Danilo Cezar Cabral
Cada povo
indígena tinha seus próprios costumes e modos de vida quando os portugueses
chegaram ao Brasil. Nesta reportagem, vamos mostrar como viviam os tupinambás,
que habitavam toda a costa do Brasil na época do Descobrimento. Era um povo que tinha
como língua predominante o tupi-guarani - ao contrário do que muita gente
pensa, é uma língua, e não um povo. Suas guerras eram uma atividade mais
defensiva, e não uma maneira de conquistar territórios, como hoje.
MESTRES
DOS MARES
Além de
lagos e rios, os tupinambás ficavam concentrados na área litorânea, o que
facilitava o contato com o mar. Usavam longas canoas, não só para atividades de
pesca mas também para se aproximar das caravelas portuguesas na troca de
mercadorias
LAVANDO A
ALMA
Os tupis
da costa se banhavam praticamente com a mesma frequência com que encaramos o
chuveiro hoje - aliás, nossa higiene atual é herança indígena, não europeia. O
contato com a água acontecia desde cedo - os rios eram locais de brincadeiras
para as crianças. Até os prisioneiros que iam virar grelhado passavam por um
banho cerimonial antes da execução
MODA
INDÍGENA
As
pinturas eram pretas (feitas com jenipapo) ou vermelhas (com urucum). Penas de
aves eram usadas em cocares e em adornos que se pareciam com um rabo
(característico dos tupinambás). As pinturas e os adornos tinham um significado
especial na guerra e nos rituais de antropofagia - no dia-a-dia, os índios
andavam pelados mesmo
COMES E
BEBES
O
"arroz com feijão" dos tupinambás era milho, carne de caça, pesca,
frutas e tubérculos. As índias preparavam uma bebida especial fermentada à base
de mandioca ou milho, chamada de cauim. A bebida era parte integrante das
cerimônias (especialmente antropofágicas), em que os índios "enchiam a
cara"! A embriaguez era considerada uma mostra de virilidade entre os
homens
PET SHOP
Os
tupinambás também tinham animais domésticos, chamados de xerimbabos
("minha coisa querida", em tupi). Os animais serviam para embelezar,
como as araras, os tucanos e até os periquitos, ou para mostrar respeito à
natureza - filhotes de macacos, por exemplo, eram adotados pela aldeia caso sua
família tivesse sido morta por caçadores
DOUTOR
PAJÉ
A saúde
dos tupinambás era apoiada em rituais de cura, manipulação de plantas
medicinais e tratamento dos doentes. O pajé fazia as cerimônias auxiliado por
índias idosas. O conhecimento de plantas medicinais era de domínio de ambos os
sexos. Já o trato com os doentes (que geralmente ficavam isolados) era feito
pelas mulheres
SAUDOSA
MALOCA
A aldeia
era rodeada por paliçadas, espécies de cercas de lanças, e cercas com crânios.
Eles serviam como enfeites, para honrar os que viraram jantar. Uma aldeia tinha
de quatro a oito malocas, que abrigavam pelo menos três núcleos familiares. Os
pertences dos indivíduos eram mantidos na maloca dentro da área ocupada por sua
família
CAÇA E
GUERRA
As armas
de guerra dos tupinambás incluíam a borduna, tacape que funcionava como um
martelo. Os arcos e flechas eram "customizados", trocando-se o
desenho das pontas, a posição e o estilo das penas da flecha, além do tamanho e
do formato dos arcos. Por exemplo, para caçar animais de pequeno porte (como
aves terrestres), usava-se um arco de longa envergadura e uma flecha de
material leve com penas longas na parte de trás (isso ajudava a sustentar mais
tempo de voo)
TRABALHO
DIVIDIDO
A divisão
de tarefas dependia do sexo e da idade. As mulheres preparavam alimentos,
faziam artefatos e outras atividades internas, enquanto os homens cuidavam da
parte externa. Algumas das funções masculinas eram guerrear, caçar e fazer um
social com outras aldeias. A sociedade era comandada pelos mais velhos, de quem
partiam as decisões em relação ao grupo
CONSULTORIA - Dominique Tilkin Gallois e
Renato Sztutman, professores do departamento de antropologia da FFLCH - USP.
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